Racismo na infância deixa marcas profundas e desafia pais, alunos e educadores

  • 25/11/2025
(Foto: Reprodução)
Racismo na infância deixa marcas profundas e desafia pais, alunos e educadores Racismo é qualquer ato, palavra ou gesto contra alguém por causa da raça ou da cor. Pode aparecer em forma de insultos, piadas, exclusão ou negação de direitos. Quando acontece na infância, a marca é ainda mais profunda. ✊🏿 O Dia da Consciência Negra foi celebrado no dia 20 de novembro. A data representa a luta por igualdade racial e pelo combate ao racismo. O fato de estar nos calendários oficiais é uma forma de dar mais visibilidade a personagens que foram protagonistas, mas que não aparecem nas histórias. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Uma mãe, que prefere não se identificar, falou, em entrevista à TV TEM, sobre a dor de ver a filha de sete anos sofrer preconceito por causa do cabelo. "Ela tem sete anos e ainda não consegue arrumar o cabelo sozinha. As meninas viram que não estava preso e começaram a comentar", explica a mãe. "Me sinto impotente como mulher preta e mãe. Há lugares onde não consigo estar com ela para proteger ou tentar contornar a situação", afirma. Crianças em Rio Preto (SP) aprendem sobre combate ao racismo Reprodução/TV TEM Marina Ceneviva Nigro, de 12 anos, também convive com as marcas do racismo. "Foi por causa do cabelo, dos óculos e da pele. Fiquei muito chateada e angustiada. Guardei rancor por muito tempo e demorei para contar à família. Quando falei, senti leveza, como se tirasse um peso." LEIA MAIS Pedro Amaral e Paulo Moura: conheça protagonistas negros que ajudaram a 'erguer' cidade no interior de SP "As pessoas têm que ser tratadas como iguais. Quando acontece algo na escola ou em qualquer lugar, respondemos na hora", defende Cláudia Maria Ceneviva Nigro, professora universitária e avó de Marina. "É importante para ela se sentir segura. Quando não estamos juntos, em festas ou outros lugares, sempre perguntamos e conversamos depois", acrescenta Cláudia. Diário com ofensas Pai mostra diário com ofensas racistas escrito por alunos contra o filho O racismo é uma violência que atinge o desenvolvimento emocional e social. Por trás das denúncias, os relatos se repetem: apelidos, exclusão, piadas. Foi o que viveu um menino de 10 anos em Vicentinópolis, distrito de Santo Antônio do Aracanguá (SP). À TV TEM, o aposentado José Eduardo de Castilho informou que o filho sofre discriminação devido à cor da pele e à condição financeira, dentro da escola, sendo chamado de “macaco”, “preto”, “maconheiro” e “mendigo” por colegas de classe. O pai denunciou o caso após descobrir que os alunos escreveram um "diário" com ofensas ao filho. "Não consigo nem descrever o que sinto. É revoltante demais. Só quem lê e quem passa por isso sabe o que acontece na cabeça de um pai. É difícil", afirma o aposentado. "Nomear esse tipo de situação como racismo é importante para o enfrentamento. As crianças podem cometer atos racistas porque reproduzem o que veem na sociedade. Por isso precisamos discutir e reconhecer o problema", explica a psicóloga Juliana Prates. Aposentado José Eduardo de Castilho denunciou a discriminação racial em Santo Antônio do Aracanguá (SP) Reprodução/TV TEM 📑 Educação reduz o preconceito Um dos caminhos para reduzir o preconceito está na educação. A Lei 10.639, de 2023, prevê o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas e propõe uma abordagem antirracista. Apesar das dificuldades para aplicar o conteúdo em sala de aula, uma escola de São José do Rio Preto (SP) decidiu enfrentar as estatísticas e investir em ações efetivas contra o preconceito. Ana Maria Gomyde, coordenadora pedagógica, conta que o racismo virou tema de atividades extracurriculares. "Esse trabalho faz parte do plano de ensino do primeiro ao quinto ano. No primeiro ano, por exemplo, fazemos rodas de conversa e saraus de poesia, escolhendo autores que não tiveram voz ao longo da história. Aos poucos, damos voz também aos alunos. Eles nos surpreendem, porque já trazem exemplos", explica Ana. Crianças aprendem sobre combate ao racismo em escola em Rio Preto (SP) Reprodução/TV TEM O filho de Josiane Melo estuda na escola e passou por um episódio de racismo. Para ela, o apoio da equipe escolar foi essencial. "Meu filho chegou em casa e disse que um amigo chamou ele de 'preto fedido'. Isso doeu muito. Procurei a escola, que foi acolhedora. Chamou os pais da criança e conversou com ela também. Depois me convidaram para uma roda de conversa com os alunos. Contei o que sofri na infância e como me empoderei através da dança. A dança me ajudou a mostrar quem eu sou", afirma Josiane. "Eu já sofri racismo várias vezes. Na escola aprendemos que isso não pode acontecer. É errado", diz Heitor Raphael de Melo, de 11 anos. "Não existe brincar de ofender ou machucar. A ferida não é externa, é ainda maior. Como não enxergamos, não cuidamos", alerta Vanessa Cristina Pavezi, diretora da escola. Mais empatia O racismo nasce onde falta empatia. Combater desde cedo é o único caminho para mudar o futuro. "Quanto mais pensamos em estratégias de enfrentamento, melhores serão as ações. A escola tem papel protetivo. É um espaço onde podem acontecer violências, mas também é fundamental para garantir os direitos das crianças", explica Juliana Prates. "Muitas pessoas acham que racismo é 'mimimi', mas não é. Só quem passa sabe o quanto dói. Pode começar na infância, mas há coisas que carrego até hoje", afirma Josiane Melo. "É muito importante, porque a escola é lugar de aprendizado. Podemos levar para a família e amigos. Isso ajuda a diminuir o racismo no planeta. Vamos ter um país mais saudável", defende um aluno. "Na escola aprendemos mais sobre nossos ancestrais e a valorizar os negros. Quando adultos, poderemos ensinar às crianças e espalhar pelo mundo. Assim, vamos fazer do planeta um lugar melhor", acrescenta outro estudante. Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2025/11/25/racismo-na-infancia-deixa-marcas-profundas-e-desafia-pais-alunos-e-educadores.ghtml


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